Em um cotidiano escolar precisamos avaliar constantemente. Avaliar a construção dos educandos, o comprometimento dos profissionais ( professores), o entrosamento entre as áreas gestoras e pedagógicas, a presença da família na formação dos alunos...
Avaliar é um ato inato de todo ser humano, avaliamos tudo, todos e a todo momento.
Sendo assim, precisamos desenvolver em nós capacidades e habilidades para tal gesto, um bom aferidor, mostra-se atento ao que acontece a sua volta, observar é o primeiro passo para um justo diagnóstico. Porém, como olhar e notar o que é importante para a avaliação? _ Mais do que “ver”, é necessário enxergar, ver por trás de uma simples ação, o entendimento anda de mãos dadas com a observação. É importante compreender o porquê de um ato, mesmo que esse ato, demonstre um mau andamento da construção do aprendizado, o avaliado pode estar querendo mostrar com suas atitudes outros aspectos que estão interferindo em seu comportamento, por isso a visão, principalmente dos professores, deve estar aguçada, para romper o simples olhar e ver a fundo o que precisa ser mudado.
Nesse processo, precisamos também saber ouvir, entender pelas entrelinhas o que os alunos estão falando, não simplesmente ouvir e dar a resposta, mas buscar a raiz da questão, o porquê da pergunta ou da fala. A audição aguçada facilita na interpretação das questões escolares quando associamos os problemas enxergados com as falas de dúvidas e medos dos alunos. É mais que necessário acolher e saber interpretar todos os anseios para que não se tornem causadores de problemas maiores.
Outro fator avaliativo importante é o tocar, o “afetuar”, ( se assim podemos falar), a troca de afetos, o deixar o outro me conhecer e conhecer o outro, saber suas preferências, a maneira que pensa, o modo como ver a vida... tornar o aluno integrante da vida do professor e não somente produzir uma relação de vínculos frios, a avaliação fica mais justa e é mais eficaz quando sabemos e entendemos o contexto em que ela se envolve. O tato como troca de afeto e de conhecimento é mais que uma avaliação, é experimentar o outro lugar, a circunstância do outro, uma plena relação de alteridade.
O paladar e o olfato nós leva a um questionamento, - Qual será o gosto e o cheiro do conhecimento?
Esses dois sentidos são mais pessoais, cada um pode sentir de uma maneira; tornando assim a avaliação muito pessoal, não há como se avaliar a todos de um mesmo jeito, pois se cada um de nós temos uma maneira única de “ apreender” o conhecimento, temos que ter também uma avaliação mais atenta e justa. O processo avaliativo não pode ser somente um meio para alcançar novas etapas, mas sim uma maneira de entender os que estão sendo avaliados, um tempo de aprender com as dificuldades dos outros, de ser solidário, entender que tudo isso não passa de “trocas”, onde cada um dá um pouco de si para a construção do outro.
Fernanda A. F. Menezes